Polêmica: Jornalista credita a Prefeito sua demissão de jornal

No último dia 18 o jornalista Cláudio Alcântara foi demitido do Jornal Diário do Vale, no qual trabalhou por quase vinte anos. Ele era responsável pela editoria de Lazer do periódico.
Sua demissão causou surpresa ao meio, já que Alcântara trabalhava no Diário do Vale desde seus primeiros anos de atividade, além de ser o editor mais antigo do jornal.
No entanto, na última quarta-feira (27) o jornalista publicou uma espécie de manifesto em seu perfil no Facebook, explicando o que teria motivado sua demissão da empresa.
Sob o título "Carta Aberta Ao Prefeito Antônio Francisco Neto", Cláudio enumera alguns pontos que, segundo ele, teriam sido cruciais para provocar a sua dispensa.
Alcântara inicia o "manifesto" enfatizando seu comprometimento com o jornalismo durante os anos em que esteve no Diário do Vale e os detalhes de como teria se dado sua demissão, com a justificativa inicial (segundo ele) de corte de gastos por parte da empresa.
Em seguida, Alcântara cita pontos que ele entende como terem sido os reais motivadores de sua demissão, principalmente quanto a algumas denúncias feitas contra a Prefeitura de Volta Redonda em seu perfil pessoal no próprio Facebook.
Segundo o jornalista, essas denúncias teriam servido de munição para algumas publicações contra o governo local o que, ainda de acordo com ele, teria provocado grande desconforto na direção do jornal, que teria optado pela sua demissão.
O jornalista chega até mesmo a citar o valor de R$ 192.800,00 que o jornal teria recebido da Prefeitura de Volta Redonda, e que isso teria sido usado como argumento para pressionar o jornal para que o demitisse.
Cláudio Alcântara encerra o "manifesto" reiterando seu respeito pelo Jornal Diário do Vale, e direciona uma retórica ao Prefeito, dizendo não acreditar em coincidências, para buscar respostas reais para a sua demissão.

Leia aqui a carta de Cláudio Alcântara na íntegra.




Prefeito Neto rebate "carta" de Alcântara

O Prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto também utilizou o Facebook para rebater as acusações do jornalista Cláudio Alcântara sobre sua demissão do Diário do Vale. Sem citar o nome do jornalista e do veículo de comunicação em questão, Neto nega que tenha pressionado qualquer veículo de comunicação a demitir algum jornalista. 
Neto também explicou o que ele considera como deturpação dos fatos, sobre a questão do valor empenhado em favor da empresa jornalística em questão. Segundo Neto, o valor de R$ 176.800,00 teria sido empenhado em favor da empresa, mas para um período de dois anos para a impressão do Jornal Oficial do município, conforme a lei exige.
Neto encerra com um recado direto ao jornalista sobre se basear em fatos e dados, e não em versões ou fofocas, além de afirmar que todos os dados da Prefeitura estão a sua disposição.

Leia abaixo, a resposta do Prefeito Neto na íntegra:
Me mostraram uma carta aberta dirigida a mim escrita no Facebook por um jornalista que foi desligado de um veículo de comunicação.
Ele diz que eu pedi sua demissão e ainda fala que eu pressionei o dono da empresa porque teria pago ao veículo R$ 192.800,00 no mês de abril.
Em primeiro lugar sempre respeitei os jornalistas, em especial os da minha cidade. Jamais pediria a demissão de alguém. Não é do meio feitio, como vocês sabem. Quanto mais de alguém que, devo dizer, jamais me incomodou.
Em segundo lugar se eu pagasse a metade do valor que ele disse que paguei em abril eu seria um irresponsável. Estaria lesando os cofres públicos, coisa que jamais faria.
Seria coisa de bandido.
Nunca, em qualquer mês de meus três mandatos, paguei tal exorbitância a nenhum meio de comunicação do país. Nunca pagaria, mesmo que fosse um veículo de expressão nacional. Todos conhecem o zelo que tenho pelo dinheiro público. Até me chamam de chato. Se isto é ser chato, sou mesmo. O que não sou é irresponsável.
Com base no respeito que, como já disse, tenho aos jornalistas, esclareço ao autor da carta aberta que ele confundiu EMPENHO com Pagamento.
Empenho é uma estimativa do que poderá ser gasto, muitas vezes em longos períodos. A LEI EXIGE que se faça esta estimativa chamada empenho.
Já Pagamento é aquilo que todo mundo conhece.
O que ocorreu no mês de abril foi que o veículo de comunicação citado ganhou uma, licitação para IMPRESSÃO DO JORNAL OFICIAL DO MUNICÍPIO, correndo por conta dele as despesas de fotolitos, chapas, papel, impressão e tudo mais DURANTE DOIS ANOS.
Pois bem. O valor foi empenhado, como gasto total estimado DURANTE ESTES DOIS ANOS, foi de R$ 176.800,00. Não em um mês, mas em dois anos. E isto, como foi dito, é tão somente uma estimativa que a lei manda que a gente faça.
Vejam como uma coisa simples e corriqueira no serviço público acaba sendo deturpada, quem sabe, por falta de informação.
Espero ter contribuído para que o jornalista possa compreender melhor as exigências legais referentes aos gastos públicos e evitar a confusão. Como ele próprio disse, o jornalista deve se basear em fatos e dados, e não em versões ou fofocas.
Todos os dados da prefeitura estão à disposição do jornalista.